segunda-feira, 18 de julho de 2016

Homem morto

Já não bebo mais pra ela,
não sinto que preciso,
não me derramo pelo amor desamado,
estou vivo e meu coração curado.

Eu ando pensando noutras coisas,
e antes só pensava nela,
ando respirando por outras,
me desgarrando,
enchendo meus olhos de outras telas.

Há sempre um pôr do sol mais adiante,
um novo lado pra se conhecer,
um sentimento diferente a espreita em outros corpos,
um jeito novo de se ver.

E eu ando assim,
ainda que de olhos cansados,
ando procurando novos cantos,
novos lados do mundo,
outros ângulos de velhos planos de fundo.

Já não bebo por ninguém,
só por mim, não me derramo por amor nenhum,
sofro quando quero,
me entrego pra romantizar qualquer coisa,
transformar em verdade os meus delírios mais lindos e sinceros.

É, eu ando assim,
meio demente, meio avoado,
mal de saúde, mas muito descansado,
permaneço impassível aos olhares dos outros,
continuo eu mesmo, sobrevivo com meus passos leves,
e minha alma de homem vivo e ao mesmo tempo morto.

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