Estive em lugares escuros
querendo me perder de você,
procurei a morte nas esquinas,
desejei navalha e estricnina,
só porque não aguentava te ver feliz,
eu já não suportava ver o que eu via.
Você nunca pertenceu a aquele outro,
nós dois sabemos que ainda somos nós,
nós dois ainda temos tanto carinho por tudo,
que às vezes eu penso que não existo sem você...
Eu só despenco por aí pelas escadas,
vivendo errado, sendo mais um,
sentindo falta do seu amor,
sofrendo do desequilíbrio que a ausência dos teus olhos me dá,
perdendo-me de mim mesmo,
apenas por ainda tentar te esquecer.
E há dias em que acordo ofegante, te procurando,
dias em que eu pego o telefone pra te ligar,
assim à toa, pra saber qualquer coisa,
saber como anda essa vida sem mim,
saber como você está, ouvir a sua voz,
te arrancar uma risada,
te fazer lembrar de mim sendo como eu realmente sou,
e não desse jeito ruim,
desse quadro desastroso que você pintou pra fugir.
Estive em lugares estranhos,
eu caí em armadilhas da vida,
eu perdi muito mais do que ganhei,
mas foi você quem mais fez doer,
foi nas suas mãos que eu pensei em não ter mais coração,
foi sob a sua guarda que essa minha existência amarga tomou forma.
E foi tudo tentando te largar por aí,
tentando me esquecer de você,
querendo distância de suas delícias,
procurando avivar seus defeitos,
desmontando o que havia ainda de você dentro de mim.
Mas você nunca pertenceu a aquele outro,
você nunca foi embora,
e nós dois sabemos disso,
disso tudo que não termina aqui.
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